ISAAC ERRETT: UNIDADE, LIBERDADE, TOLERÂNCIA E AMOR
"Que o laço de união entre os batizados seja o caráter cristão em vez da ortodoxia; o correto fazer em vez do correto pensar; e, ao tomar em conta os secos preceitos, que se reconheça a liberdade de cada um sem buscar impor limitações aos irmãos fora da imposição da lei do amor”.
No dia 02 de janeiro de 1820, na cidade de Nova Iorque, nascia Isaac Errett. Ele teve seis irmãos e aos cinco anos ficou órfão de pai, o pastor Henry Errett de uma Igreja associada ao movimento dos irmãos Haldane's (batistas-escoceses). Aos doze anos foi aceito como membro na Igreja de Cristo em Pittsburgh e aos vinte anos se casou com a jovem Harriet Reeder.
No ano de 1840 Isaac Errett foi ordenado Evangelista. No período correspondente aos anos de 1844 a 1849 foi pregador na Igreja de Cristo em New Lisbon, Ohio. Ele também chegou a ser secretário da Sociedade Missionária Cristã Americana e co-editor do periódico "The Millenial Harbinger", juntamente com Alexander Campbell.
Em 1863 Isaac Errett escreveu um dos três mais importantes documentos do Movimento de Restauração (ou Movimento Stone-Campbell), o clássico "Nossa Posição - Uma Sinopse da Fé e da Prática da Igreja de Cristo". Este documento histórico-doutrinário foi traduzido para o português pelo autor desta biografia especialmente para o primeiro site latino-americano sobre o Movimento de Restauração ( www.movimentoderestauracao.com ).
O "Nossa Posição" se define como uma "breve declaração em defesa do retorno ao Evangelho e à Igreja dos Tempos Apostólicos, encorajada pelos Discípulos". Foi preparado "em resposta a inúmeras consultas e pedidos" e expõe "em termos breves e diretos uma declaração sobre a posição e o que pretendem os Discípulos em defesa da restauração do cristianismo primitivo". Ele tem três pontos:
1) O que estamos de acordo com os demais grupos evangélicos;
2) O que não estamos de acordo com eles;
3) O que estamos em desacordo com alguns, mas não com todos.
2) O que não estamos de acordo com eles;
3) O que estamos em desacordo com alguns, mas não com todos.
Confira abaixo parte deste importante documento que sintetiza o que é essencial na fé cristã e que é defendido por nós e os demais evangélicos:
"Primeiro, diremos que grande parte da nossa fé é também a de todos que se chamam evangélicos. Realmente, quase nada do que eles têm por essencial ou vital deixamos de sustentar tão certo e firmemente como eles. Unidos a eles estamos na profissão e apresentação dos pontos doutrinais abaixo:
1. A inspiração divina das Santas Escrituras do Antigo e Novo Testamentos;
2. A revelação de Deus, especialmente no Novo Testamento, em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo;
3. A suficiência da Bíblia, por si só e toda ela, como revelação do caráter e vontade divinos e do Evangelho da graça pelo qual somos salvos; e também na qualidade de regra de fé e prática;
4. A excelência e dignidade divina do Senhor Jesus como Filho de Deus; sua humanidade perfeita como Filho do Homem; e sua autoridade e glória oficiais como Cristo, Profeta, Sacerdote e Rei Ungido, que nos instrui no caminho da vida, nos redime do pecado e da morte, e que reina em nós e sobre nós como Soberano legítimo de nossa existência e Árbitro de nossos destinos. Portanto, de boa fé aceitamos a religião sobrenatural que o Novo Testamento nos apresenta e que abarca em suas revelações o seguinte:
2. A revelação de Deus, especialmente no Novo Testamento, em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo;
3. A suficiência da Bíblia, por si só e toda ela, como revelação do caráter e vontade divinos e do Evangelho da graça pelo qual somos salvos; e também na qualidade de regra de fé e prática;
4. A excelência e dignidade divina do Senhor Jesus como Filho de Deus; sua humanidade perfeita como Filho do Homem; e sua autoridade e glória oficiais como Cristo, Profeta, Sacerdote e Rei Ungido, que nos instrui no caminho da vida, nos redime do pecado e da morte, e que reina em nós e sobre nós como Soberano legítimo de nossa existência e Árbitro de nossos destinos. Portanto, de boa fé aceitamos a religião sobrenatural que o Novo Testamento nos apresenta e que abarca em suas revelações o seguinte:
a) A encarnação do Divino Verbo Eterno na pessoa de Jesus de Nazaré;
b) A vida e ensinamentos do Divino Senhor e Salvador Ungido, por serem a manifestação mais elevada e completa que temos do caráter e dos fins divinos no que se relacionam a nossa raça pecaminosa e perdida, e por ser o fim de toda controvérsia tocante a questões de salvação, do dever e do destino;
c) A morte do Senhor com o caráter de oblação pelo pecado, a qual nos proporciona redenção mediante seu sangue, a saber, o perdão dos pecados;
d) A ressurreição do Senhor dentre os mortos, com a qual aboliu a morte e manifestou a clara luz da vida e a imortalidade;
e) Sua ascensão aos céus e sua glorificação, onde vive para sempre, Mediador entre Deus e o homem, Grande Sacerdote nosso que intercede pelos seus. Rei nosso que dominará até ver subjugados a todos seus inimigos e cumpridos todos os propósitos sublimes de seu reinado mediador;
f) A Autoridade suprema do mesmo Senhor.
b) A vida e ensinamentos do Divino Senhor e Salvador Ungido, por serem a manifestação mais elevada e completa que temos do caráter e dos fins divinos no que se relacionam a nossa raça pecaminosa e perdida, e por ser o fim de toda controvérsia tocante a questões de salvação, do dever e do destino;
c) A morte do Senhor com o caráter de oblação pelo pecado, a qual nos proporciona redenção mediante seu sangue, a saber, o perdão dos pecados;
d) A ressurreição do Senhor dentre os mortos, com a qual aboliu a morte e manifestou a clara luz da vida e a imortalidade;
e) Sua ascensão aos céus e sua glorificação, onde vive para sempre, Mediador entre Deus e o homem, Grande Sacerdote nosso que intercede pelos seus. Rei nosso que dominará até ver subjugados a todos seus inimigos e cumpridos todos os propósitos sublimes de seu reinado mediador;
f) A Autoridade suprema do mesmo Senhor.
5. A missão perpétua e pessoal do Espírito Santo, de convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo, e habitar nos fiéis com caráter de Consolador, Fortalecedor e Santificador;
6. A separação de Deus efetuada em nossa raça, e na dependência absoluta desta na misericórdia, fidelidade e favor divinos manifestos no Cristo Salvador, revelados e confirmados no Evangelho pelo Espírito Santo para nossa regeneração, santificação, adoção e vida eterna;
7. A necessidade de fé e arrependimento para chegar a gozar da salvação desde agora, e da vida obediente para alcançar a vida eterna;
8. A perpetuidade do Batismo e da Ceia do Senhor na classe de ordenanças divinas por todos os séculos vindouros;
9. A obrigação de guardar o primeiro dia da semana como dia do Senhor, comemorando com isso a morte e a ressurreição do Senhor, mediante atos de cultos que não diferem dos ensinados no Novo Testamento, nem perturbem a cultura de espírito, própria desse dia memorial;
10. A Igreja de Cristo, instituição divina composta dos que já têm confessado abertamente o nome de Cristo mediante a fé e o batismo, com seus dirigentes, ministros e culto determinados, que edifiquem aos cristãos e se converta o mundo;
11. A necessidade de justiça, benevolência e santidade de parte dos cristãos professos, seja que se trate da salvação destes mesmos ou da missão encomendada a eles de atrair o mundo a Deus;
12. A totalidade e gratuidade da salvação oferecida no Evangelho a todos os que aceitam os termos propostos;
13. O castigo final dos ímpios por morte eterna na presença do Senhor e por seu glorioso poder.
6. A separação de Deus efetuada em nossa raça, e na dependência absoluta desta na misericórdia, fidelidade e favor divinos manifestos no Cristo Salvador, revelados e confirmados no Evangelho pelo Espírito Santo para nossa regeneração, santificação, adoção e vida eterna;
7. A necessidade de fé e arrependimento para chegar a gozar da salvação desde agora, e da vida obediente para alcançar a vida eterna;
8. A perpetuidade do Batismo e da Ceia do Senhor na classe de ordenanças divinas por todos os séculos vindouros;
9. A obrigação de guardar o primeiro dia da semana como dia do Senhor, comemorando com isso a morte e a ressurreição do Senhor, mediante atos de cultos que não diferem dos ensinados no Novo Testamento, nem perturbem a cultura de espírito, própria desse dia memorial;
10. A Igreja de Cristo, instituição divina composta dos que já têm confessado abertamente o nome de Cristo mediante a fé e o batismo, com seus dirigentes, ministros e culto determinados, que edifiquem aos cristãos e se converta o mundo;
11. A necessidade de justiça, benevolência e santidade de parte dos cristãos professos, seja que se trate da salvação destes mesmos ou da missão encomendada a eles de atrair o mundo a Deus;
12. A totalidade e gratuidade da salvação oferecida no Evangelho a todos os que aceitam os termos propostos;
13. O castigo final dos ímpios por morte eterna na presença do Senhor e por seu glorioso poder.
Estes treze pontos certamente apresentam uma ampla base de consenso cheia de conceitos da verdade divina que pode legitimamente ser chamada universal".
Em 1866 Isaac Errett fundou o "The Christian Standard", uma publicação conhecida por sua atitude firme na defesa da liberdade cristã individual e eclesiástica e que está em circulação até hoje (Christian Church / Church of Christ). Ele teve a ajuda dos irmãos Phillips, ricos exploradores de petróleo da Pensylvania que financiaram várias instituições do nosso Movimento, de James Garfield, que foi o 20º presidente dos EUA, e vários outros colaboradores.
Segundo Fernando Soto, o "The Christian Standard" deveria ser um periódico que "responderia a todas as perguntas em um espírito de busca e tolerância, sem rancor nem fanatismo, mas estritamente apegado à verdade". Benjamin Franklin, um dos "pais" das igrejas "a capella" que dividiram o nosso Movimento (contrárias ao uso de instrumentos musicais no culto), que alguns historiadores apontam como rival de Isaac Errett o descrevia como "anti-Cristo" e o "The Christian Standard" como "casa de hereges". Muitos irmãos do ramo "a capella" do nosso Movimento continuam reproduzindo este tipo de atitude, se recusando a ter comunhão com irmãos com os quais têm diferenças, esquecendo a história do nosso Movimento e as razões que o originaram. Esquecem-se do nosso mais importante lema que diz:
"No essencial, unidade; Nas opiniões, liberdade; Em todas as coisas, o amor".
Talvez nem saibam que os irmãos mais antigos quando eram perguntados se eram os únicos cristãos respondiam dizendo:
"Não somos os únicos cristãos, mas somos unicamente cristãos".
Errett, contudo, se mostrava amável, tolerante e buscava manter o Movimento de Restauração unido. É dele a seguinte frase:
"Que o laço de união entre os batizados seja o caráter cristão em vez da ortodoxia; o correto fazer em vez do correto pensar; e, ao tomar em conta os secos preceitos, que se reconheça a liberdade de cada um sem buscar impor limitações aos irmãos fora da imposição da lei do amor”.
No ano de 1888 o irmão Isaac Errett dormiu no Senhor. Seu grande legado ao Movimento de Restauração é a atitude firme na defesa dos seguintes temas:
1) A unidade de todos os cristãos naquilo que é essencial, e especialmente a unidade do nosso Movimento que paradoxalmente estava começando a se dividir;
2) A liberdade cristã individual e eclesiástica, ou seja, a tolerância naquilo que não é essencial, nas opiniões;
3) A expressão do amor de Cristo em todas as circunstâncias, até mesmo quando não for compreendido.
2) A liberdade cristã individual e eclesiástica, ou seja, a tolerância naquilo que não é essencial, nas opiniões;
3) A expressão do amor de Cristo em todas as circunstâncias, até mesmo quando não for compreendido.
Na minha opinião, Isaac Errett foi o mais importante líder do nosso Movimento na primeira geração que sucedeu os pioneiros das Igrejas Cristãs / Igrejas de Cristo ou Discípulos. A ele é atribuído o fato de ter impedido que o nosso movimento tivesse se transformado em uma seita que se reproduz por divisão de legalistas sectários e discordantes.
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¹ SOTO, Fernando. La Reforma Presente : Literature and Teaching Ministries, 1997, pág. 98.
² Ob. cit., pág. 99 (citando Garrett, Leroy. The Stone-Campbell Movement: Na Anecdotal History of Three Churches. Joplin, MO: College Press Publishing, 1981).
¹ SOTO, Fernando. La Reforma Presente : Literature and Teaching Ministries, 1997, pág. 98.
² Ob. cit., pág. 99 (citando Garrett, Leroy. The Stone-Campbell Movement: Na Anecdotal History of Three Churches. Joplin, MO: College Press Publishing, 1981).
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