"Família, família: papai, mamãe, titia". O verso da música dos Titãs exemplifica o modelo comum e considerado normal do que é uma família. Crianças educadas e convivendo com o pai e a mãebiológicos, no entanto, não é o único caminho possível e satisfatório para o desenvolvimento pleno de um ser humano. Hoje, há homens que se separam e cuidam sozinhos do filho e irmãos mais velhos que passam mais tempo com os mais novos do que os próprios pais.
Apesar da legislação, hoje ainda encontramos muito preconceito com pais que criam seus filhos sozinhos. Seja porque a mãe faleceu, se separou, não quis ou não teve condições de educar a criança, vem crescendo o número de pais solteiros. É absolutamente possível que uma criança seja bem educada apenas pelo pai. No entanto, é importante que a criança tenha uma referência próxima de cada sexo.
"Não precisa ser a mãe, vale a avó, tia, ou nova companheira do pai", diz Daniela. A questão do conhecido "instinto materno", ou seja, que a mãe naturalmente tem uma maior preparação para ter um filho, é algo absolutamente contornável. ?Para os homens, a paternidade deve ser construída emocionalmente e no dia a dia. Assim, podem ser estabelecidos vínculos muito fortes e verdadeiros. É importante que o pai tenha em mente as expectativas para aquele filho, para saber como dar conta de educá-lo sozinho.
O acompanhamento psicológico pode ser importante para o melhor estabelecimento dessa relação. Durante os meses de gestação, é desejável que o feto tenha contato com o pai, pois, de dentro da barriga da mãe, ele ouve a voz paterna e consegue perceber a influência que exerce em sua mãe, através dos batimentos cardíacos, produção hormonal e corrente sanguínea. ?As emoções da mãe, tanto positivas quanto negativas, afetam também o pai. Tudo que afeta positiva e negativamente sua mãe, afeta-o também e as questões conjugais entram em jogo com grande peso, já que são as que mais atingem emocionalmente a gestante.
É até benéfico que os irmãos convivam juntos e o mais velho saiba cuidar do mais novo, desde que isso não ocorra na maior parte do tempo e em situações que demandem a presença de um adulto, como andar sozinhos na rua e mexer com utensílios da cozinha. No entanto, isso não pode ser prioritário, pois a presença de um adulto e dos pais é fundamental para o amadurecimento da criança. "Sem os pais, ela pode perder o referencial e não ter a noção adequada sobre seus limites", diz Daniela. Do lado dos mais novos, fica justamente esse risco de rebeldia, pois não conhecer a autoridade dos mais velhos pode prejudicá-los por toda a vida e criar uma falta de noções de hierarquia.
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