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quarta-feira, 9 de março de 2011

Jesus Usou Tatuagem?

Posted by ajrlpc On 16:30 0 comentários

Introdução
Há muitas pessoas que interpretam o texto de Apocalipse 19.16, “Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES”,[1] como se o texto bíblico descrevesse um “Jesus tatuado”. Já ouvi, inclusive, alguém dizer certa vez: “Galera, Jesus era um dos nossos! Ele também tinha uma ‘tatoo’ na sua coxa!”. Tal equívoco interpretativo se deve a três causas principais:
a) ao desconhecimento do texto grego original do Novo Testamento, bem como, de suas regras gramaticais;
b) às traduções existentes em português que, com uma rara exceção, dão margem para que esse tipo de interpretação equivocada seja feita;
c) à conveniência, pois algumas pessoas interpretam convenientemente um Jesus tatuado em Ap 19.16, porque, ao fazerem isso, estão encontrando um apoio “bíblico” que legitima o uso de tatuagens por parte destas mesmas pessoas.
Particularmente, creio que o problema todo esteja principalmente nos dois primeiros itens. De qualquer forma, depois de receber vários emails de pessoas questionando sobre a hipótese de Apocalipse 19.16 descrever Jesus “tatuado”, resolvi escrever esse artigo a fim de tentar esclarecer o significado deste verso tão mal compreendido nos dias de hoje, principalmente pelos jovens. Vejamos, então, Ap 19.16 do ponto de vista lingüístico, teológico e cultural.
I – O Ponto de Vista Lingüístico
O texto grego original de Ap 19.16 diz o seguinte: “kaì échei epì tò himátion kaì epì tòn m&>75;ròn autou ónoma gegramménon: Basileùs basilé&ròn autou ónoma gegramménon: Basileùs basilé&&33;n kaí kýrios kyrí&n kaí kýrios kyrí&&33;n”.[2] Se traduzirmos este verso ao pé da letra, ele ficará assim: “e tem sobre a veste e sobre a coxa dele um nome escrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores”.
No que diz respeito ao aspecto lingüístico, observa-se no texto grego que a primeira e a sexta palavras do versículo (sublinhadas) são as mesmas. Trata-se da conjunção “kaì” que normalmente é traduzida como “e” ou “também”, de acordo com o contexto em que ela aparece. Todavia, embora o primeiro “kaì” de Ap 19.16 possa ser traduzido como “e”, ou seja, “e tem sobre a veste (...)”, o segundo “kaì”, por outro lado, pode ser entendido como um “kaì” epexegético ou explicativo.[1] Em outras palavras, o segundo “e” do versículo, “(...) e sobre a coxa dele” deveria ser traduzido de forma explicativa, como, por exemplo, “ou seja”, “isto é”, “a saber”, “quer dizer” etc. Sendo assim, a tradução mais apropriada para Ap 19.16 seria: “e tem sobre a veste, isto é, [que está] sobre a sua coxa um nome escrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores”.
George Ladd, que concorda com a interpretação que estamos dando, oferece uma tradução ligeiramente diferente: “no seu manto, isto é, onde ele cobre sua coxa”. Ladd ainda acrescenta que “não é mencionada nenhuma razão por que o nome estaria escrito na coxa”.[2] Além de Ladd, Henry Alford também concorda com a nossa interpretação e comenta que “a maneira usual de tomar as palavras é supor o kaí epexegético ou definitivo das palavras anteriores, ‘sobre Sua veste’, e que parte dela [da veste] está cobrindo Sua coxa”.[3] Some-se a estes autores ainda a opinião de Champlin, segundo quem, entre outros significados, o texto também pode ser traduzido como “...sobre vestes, a saber, sobre sua coxa...”[4], o que se harmoniza com o significado que entendemos ser o mais correto para esse texto.
Infelizmente, de todas as versões bíblicas em português que consultei, apenas uma traduz Ap 19.16 refletindo o seu significado de forma mais correta. Trata-se da
[1] Na gramática do grego, “epexegético” é o nome dado às conjunções, genitivos e infinitivos que explicam ou concluem o significado de algo. É também conhecido como explanatório ou explicativo. (Cf. DEMOSS, Matthew S. Dicionário Gramatical do Grego do Novo Testamento. São Paulo, Editora Vida, 2004, p.71). Veja também: BLASS, F. & DEBRUNNER, A. Greek Grammar of the New Testament and Other Early Christian Literature. [Trad. Robert W. Funk]. Grand Rapids, Zondervan, 1976, p.442.
Edição Contemporânea de João Ferreira de Almeida. Ela traduz Ap 19.16 assim: “No manto, sobre a sua coxa tem escrito o nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores”.[1]
Sendo assim, a partir da perspectiva lingüística podemos assegurar que a frase “Rei dos reis e Senhor dos senhores” de Apocalipse 19.16 não está “tatuada” na “coxa” de Jesus. Muito pelo contrário, estes dizeres estão escritos na “veste” (ou “manto”) de Jesus, a qual, por sua vez, cobre a sua coxa.
II – O Ponto de Vista Teológico
Antes de entrarmos no ponto de vista teológico em si, devemos dizer aqui que o livro de Apocalipse foi escrito aproximadamente na metade da década do ano 90 d.C.[2] Isto quer dizer que ele foi escrito por João cerca de 50 a 60 anos depois da morte e ressurreição de Jesus. Portanto, Jesus já possuía (há mais de meio século) um “corpo glorificado”, imaterial, quando João escreve as linhas de Ap 19.16.
Já no que se refere ao aspecto teológico, Ap 19.16 está inserido dentro do contexto de uma visão que João teve (cf. Ap 19.11), devendo ser entendido, portanto, de forma “simbólica”, isto é, “não-literal”. Apesar de alguns comentaristas compreenderem Ap 19 à luz da queda da Babilônia – símbolo de Roma – conforme Ap 18, contudo, Ap 19 aponta para algo bem maior, a saber, a vitória escatológica completa de Deus e do Seu povo sobre o mal em geral, vista sob a perspectiva contextual mais ampla de Ap 19.11-21.8.
Assim, o título “Rei dos reis e Senhor dos senhores” escrito na veste de Jesus, se entendido corretamente de forma “simbólica”, era aplicado, segundo a tradição judaica, ao próprio Deus, o qual era visto como Rei suserano que governava acima de todos os reis da Terra.[3] Isto quer dizer que, Jesus, ao receber em Ap 19.16 o mesmo título majestoso que Deus recebia no judaísmo, estava se igualando a Ele em Sua glória e divindade. Além do mais, se entendermos Ap 19.16 como uma referência literal à “coxa tatuada” de Jesus (se este fosse realmente o caso, o que não é), teríamos que entender
literalmente também outra visão de João na qual Jesus é descrito como tendo: “cabelos brancos como a lã branca, olhos como chama de fogo, pés como latão reluzente, voz como a voz de muitas águas, boca da qual saía uma espada afiada e rosto como o sol” (cf. Ap 1.12-17), o que seria bastante complicado.
Enfim, sob a perspectiva teológica também podemos afirmar que Jesus não tinha uma “tatuagem” feita em sua “coxa”.
III – O Ponto de Vista Cultural
Por fim,sob o ponto de vista cultural, creio que sejam bastante apropriadas as palavras de Champlin sobre Ap 19.16. Este autor nos fornece as seguintes informações:
“(...) havia um antigo costume de gravar o nome do artista sobre a coxa de uma estátua. (...) A arqueologia tem encontrado figuras assírias com inscrições gravadas sobre ela, bem como nas vestes que encobrem seus corpos. Também é verdade que os cavalos, entre os gregos, traziam sinais identificadores sobre suas pernas traseiras”.[1]
Porém, Keener explica que “na antigüidade romana, os cavalos e as estátuas eram às vezes marcados com ferro na coxa, mas as pessoas não”.[2] Aliás, esses exemplos fornecidos por Champlin e Keener, note-se, são extraídos de um contexto “pagão” (assírio e greco-romano), e não “judaico” ou “judaico-cristão”! Vale citar aqui as palavras de Alfred J. Kolatch, segundo quem “foi proibido aos judeus fazerem isto [isto é, tatuagens ou incisões no corpo] não só porque era sinal de idolatria, mas também porque vai contra as proibições bíblicas de derramar sangue e maltratar o corpo que Deus deu ao ser humano”.[3] Tendo isso em mente, seria simplesmente impensável imaginar um judeu dos tempos bíblicos tatuado (e Jesus era judeu!). Tal fato seria o cúmulo do sacrilégio!
Portanto, do ponto de vista cultural também não é correto afirmar que Jesus possuía uma “tatuagem” em sua “coxa”. Tal prática seria totalmente estranha à cultura (judaica) da qual ele, Jesus, fazia parte.
Conclusão
Concluindo, um dos grandes problemas que ocorre na interpretação da Bíblia é que nós muitas vezes a fazemos partindo do nosso próprio contexto vivencial. Dito de outra maneira, muitas vezes nós projetamos para dentro da Bíblia nossas experiências pessoais, vivências, pressuposições e ideologias – o que é chamado no campo da interpretação bíblica de “eisegese”, em vez de buscarmos extrair do texto bíblico aquilo que ele próprio quer nos dizer – o que é conhecido como “exegese”.
Bem, de qualquer forma, cada um é livre para fazer o que quiser do “seu” corpo (o qual, na verdade, não é “seu”, mas de Deus, quem o criou e, portanto, detém direitos sobre ele). Porém, se você for fazer qualquer tatuagem no seu corpo, só não vá sair dizendo por aí que você está fazendo isso porque a “tatuagem” que Jesus tinha em sua “coxa” te autoriza a proceder dessa forma!
 [1] ALMEIDA, João Ferreira de. (trad.). Bíblia Sagrada. (Edição Revista e Atualizada). São Paulo, Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
[2] Esta é a transliteração (representação das letras do texto grego pelas letras correspondentes em português) do texto original. Baseio-me em: ALAND, Barbara et al. The Greek New Testament. Stuttgart, Deutsche Bibelgesellschaft, 2005. Os sublinhados são meus.
[2] LADD, George Eldon. Apocalipse: introdução e comentário. São Paulo, Vida Nova / Mundo Cristão,1992, p.190.
[3] ALFORD, Henry. The Greek Testament. Vol. IV. [Hebrews-Revelation]. Chicago, Moody Press, 1968, p.728.Os acréscimos entre colchetes são meus.
[4] CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo. Vol. VI. São Paulo, Editora e Distribuidora Candeia, 1995, p.628.  

[1] THOMPSON, Frank Charles. Bíblia de Referência Thompson. [Edição Contemporânea, baseada na Tradução de João Ferreira de Almeida]. Deerfield, Editora Vida, 1994.
[2] HÖRSTER, Gerhard. Introdução e Síntese do Novo Testamento. Curitiba, Editora Evangélica Esperança, 1991, p.185.
[3] KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Atos: Novo Testamento. Belo Horizonte, Editora Atos, 2005, p.836.

[1] CHAMPLIN, R. N. Op. Cit., p.627.
[2] KEENER, Craig S. Op.Cit., p.836.
[3] KOLATCH, Alfred J. 2º Livro Judaico dos Porquês. São Paulo, Editora e Livraria Sêfer Ltda, 1998, p.183.

Por Carlos Augusto Vailatti

Carlos Augusto Vailatti possui Graduação em Teologia pela Faculdade Betel / Instituto Betel de Ensino Superior (IBES, 1999)

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