Antonio Palocci é o mais novo ex-ministro. Segundo consta, ele apresentou sua renúncia ao cargo, no que foi aceito. Sua situação ficou insustentável depois que o jornal Folha de S. Paulo publicou documentos que comprovariam que multiplicou seu patrimônio em mais de vinte (sim, vinte) vezes no período de quatro anos, além de ter ganho mais de R$ 10 milhões em consultoria em poucos meses. O “homem-forte” do governo não aguentou as pressões e teve de sair, mais uma vez.
Por enquanto não há nada de comprovadamente ilegal na conduta de Palocci. O próprio enriquecimento estranho do ex-ministro foi declarado às instâncias fiscais competentes, o que, convenhamos, não é atitude de uma pessoa que cometa ilegalidades.
Não nos esqueçamos também que a presunção de inocência é um dos princípios mais básicos do estado de direito. Palocci ainda não é culpado de nada, nem ilegal e nem imoral. Esquecer isso é promover uma caça às bruxas que nunca termina bem, com garantias individuais jogadas fora, com a morte civil. (lembram daEscola Base? Ou do também ex-ministro Alceni Guerra?)
Uma vez atingido o bem mais precioso de um homem, o seu nome, nada pode reparar a perda. O condenado, mesmo inocente, carregará para sempre o estigma. E, não menos importante, legará o estigma aos filhos, que carregam o nome.
Entretanto, a demissão, ou o pedido de demissão, não é uma confissão de culpa. A pressão e o julgamento foram políticos. A explicação de Palocci, numa entrevista editada para Jornal Nacional, não convenceu nem o petista mais crédulo (bem… a alguns, ansiosos em crer, convenceu sim). As dúvidas sobre a origem do dinheiro permaneceram.
O enriquecimento rápido não conseguiu ser explicado, mesmo se dentro das leis. Os indícios apontam para a velha confusão brasileira entre público e privado. Não foi o cidadão Antônio que prestou consultoria, foi o futuro (e então já ex) ministro.
Claro que as empresas que pagaram pelos préstimos queriam estar ao lado, bem perto, do que viria a ser o rei de ouros do governo Dilma. (Novamente, isso não significa que Antônio Palocci tenha feito algo de ilegal, e nem que não tenha feito.) Palocci pode ser bom, talvez muito bom, nas suas consultorias, mas não o foi no seu endereçamento ao país. Foi fugidio, evasivo, diria “vaselina” até.
Diante de tudo isso teve que sair. Perdeu credibilidade, perdeu legitimidade. A presidenta postergou a queda do seu homem forte, hesitante. Na minha humilde opinião demorou demais, desgastando o governo e abrindo flancos para barganhas e chantagens.
Mas a queda de Palocci pode ser um bom sinal. Pode ser um sinal de que as instituições brasileiras estão ficando cada vez mais porosas às pressões públicas. O ponto negativo é que, como escreveu o Rovai, a indignação é ainda seletiva. Tanto por parte dos que apoiam Palocci (“Ah, mas e Aécio”, perguntam alguns), quanto dos que apontam o dedo em riste para este governo e fecham os olhos pra outros casos parecidos por serem “amigos”.
Tudo bem. Assim é o jogo.
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